segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Você tem fome ou vontade de comer?


Sabe aqueles dias que você tem, quase que literalmente, uma fome de leão e, realmente comeria um boi? E quando você fala: “ah, hoje eu estou com fome de sorvete de maracujá com calda de chocolate”? Pois é...difícil saber se essas situações são tidas como fome ou vontade de comer, não é mesmo?

Mas, por acaso você já pensou que, se pudesse diferenciar a fome da vontade de comer, talvez sua dieta finalmente desse certo e aqueles quilinhos indesejáveis fossem finalmente ralo abaixo?

Então, prepare-se porque chegou mesmo a hora em que você vai conhecer seu apetite e aprender a driblá-lo com pequenas atitudes.

Segundo o endocrinologista Filippo Pedrinola, hoje em dia o alimento tem um forte componente emocional. “Muitas pessoas têm o que os médicos chamam de fome emocional, que é impulsionada por crises de ansiedade, depressão, momentos de estresse e etc. Nessas ocasiões, há uma forte vontade de comer alimentos de alto índice glicêmico e carboidratos refinados, que proporcionam um bem-estar imediato”, afirma Pedrinola.

Na verdade, de acordo com Pedrinola, a grande diferença é que a fome é uma sensação que todos os seres humanos sentem quando o organismo percebe a necessidade de ingerir alimentos para se manter funcionando de forma adequada. Já a vontade de comer é muito mais uma necessidade de preencher algum vazio de origem emocional, ou seja, não tem a ver com a sobrevivência.

Aprendendo a diferenciar a fome da vontade de comer
“Quando estamos com fome, temos vontade de ingerir comida de verdade, do tipo carne, arroz, feijão, etc.”, diz o endocrinologista. A fome é uma sensação completamente natural e é por isso que devemos nos alimentar a cada três ou quatro horas, evitando o excesso de fome para a próxima refeição e as vontades incontroláveis de ficar beliscando tudo por aí.

Já os desejos alimentares, ou seja, a vontade de comer, normalmente é caracterizada por vontade de beliscar besteirinhas em geral, como doces, chocolates e salgadinhos.

Leia também: Controle a mania por doces

Além disso, de acordo com o especialista, existem pessoas que, para se permitirem, comer mais doces durante o dia, deixam de fazer as refeições “oficiais”, ou seja, fazem uma “economia” que acaba se virando contra ela mesma. “Isso é um equívoco muito grande que faz com que a pessoa confunda a fome com a vontade de comer. Isso é fato: quanto mais doce a pessoa come, mais terá vontade de comer”, alerta Pedrinola.

Como driblar o apetite
Em primeiro lugar, devemos respeitar os três pilares da boa alimentação: horários (comer a cada três horas), quantidade (não exagerar nas calorias) e qualidade (proporções certas entre proteínas, carboidratos e gorduras). “Além disso, cuidar da boa saúde mental é fundamental para se evitar o ‘comer emocional’ ”, afirma Pedrinola”.

Normalmente, ao trabalhar muito ou ao fazer atividade física, é comum ter muita fome e, como conseqüência disso, é difícil sabermos quando estamos mesmo saciados e quando o nosso apetite passou a ser gula. “Isso acontece porque o excesso de atividade física aumenta as necessidades de nutrientes. Mas isso também não significa que podemos “liberar geral”. É muito comum ver pessoas que acreditam que fazer exercícios poderia funcionar como um verdadeiro passaporte para comer de tudo. Isso é gula”, diz o endocrinologista.

Para diminuir a fome e amenizar a vontade de comer, podemos acostumar nosso organismo a comer pouco e comer devagar. “Quando aprendemos a mastigar várias vezes e comer mais lentamente, damos mais tempo para que o mecanismo de saciedade se manifeste”, explica o médico.

Mais uma vez, as mulheres e a TPM
Ai ai, como as mulheres são complicadas, não? Vamos admitir! As mulheres, em geral, têm maior deficiência relativa de serotonina do que os homens. Segundo Filippo Pedrinola, a serotonina é um neurotransmissor que traz bem-estar e saciedade e pode ser estimulada pela ingestão de carboidratos e doces. Daí já viu, né? Por isso que comemos mais do que eles.

“Além disso, no período pré-menstrual, a famosa TPM, pode fazer com que os níveis desse neurotransmissor baixem ainda mais, o que pode levar a compulsões alimentares”, explica Pedrinola.

As grandes dicas
O endocrinologista Filippo Pedrinola nos deu dicas preciosas a respeito de como controlar nossa fome e nossa vontade de comer, sabendo diferenciar bem uma da outra. Confira:

1-Procure fazer um diário alimentar emocional, anotando tudo o que estiver sentindo e quais suas vontades durante o dia. Esse truque pode ajudar a identificar os “gatilhos” emocionais que levam à vontade de comer.

2- Procure alimentos que dão mais saciedade. Para isso é importante manter uma dieta equilibrada, contendo todos os grupos alimentares para que o cérebro não perceba carências nutricionais. Pequenas quantidades de doce (30 a 50 g de chocolate, por exemplo) podem elevar os níveis de serotonina. Já ingerir alimentos ricos em fibras e proteínas magras também é ótimo para a saciedade.

3- Mantenha um equilíbrio emocional e invista em atividades relaxantes e antiestresse. Vários estudos científicos publicados em revistas importantes demonstram que pessoas que sofrem de stress, angústia, ansiedade e depressão ganham peso mais facilmente.

O pior de tudo é que as pessoas que ganham peso devido ao estresse tendem a acumular gordura na região abdominal, aumentando as chances de desencadear doenças como o diabetes, a pressão alta, infarto e derrame.

4- Não se reprima tanto. Se a pessoa tem muita vontade, às vezes é melhor que ela coma logo o doce. Só tome cuidado com a quantidade e não faça disso um hábito. Comer carboidratos à noite, principalmente doces, pode não ser uma boa idéia. Segundo Pedrinola, dietas proibitivas não funcionam nem a médio e nem a longo prazo, portanto, usar o bom senso é fundamental. Essas pessoas que controlam demais as suas vontades até, de repente, descontarem tudo de uma vez só comendo quilos e quilos de besteiras são chamadas de “Binge Eating” ou “comer compulsivo”. A pessoa sente uma vontade incontrolável de comer e acaba cedendo e, em alguns casos, pode passar a apresentar hábitos bulímicos.

5- Cuidado com o final de tarde, à noite e com o período pré-menstrual, são os momentos mais susceptíveis a compulsão alimentar.

6- Faça-se algumas perguntinhas básicas, do tipo: “como estou me sentindo hoje? Será que estou me sabotando? O que a comida representa para mim hoje? Estou comendo nos horários certos? Se eu comer todas as besteiras do mundo não vou me sentir culpada e péssima depois?”

7- Não se engane nem se faça de boba. Quando temos uma vontade alimentar, ela costuma ser especifica, não adianta procurar substitutos que não dão o mesmo prazer. O ideal seria comer no máximo uma ou duas trufas e lembrar que 50g de chocolate tem aproximadamente 230 calorias.

Confira agora três ótimas dicas do endocrinologista Filipo Pedrinola para se conquistar um equilíbrio e ser uma pessoa menos propensa às oscilações no humor, o que nos leva àquelas compulsões por beliscadinhas, principalmente à noite, sabe?

- Praticar exercícios físicos de três a quatro vezes por semana e procurar realizar atividades relaxantes como uma boa caminhada, passeio no parque, uma sessão de massagem, ou qualquer outra atividade que proporcione prazer à pessoa.
- Discutir a relação. “Isso pode parecer piada, mas é uma dica muito importante. Quando a pessoa, principalmente a mulher, coloca para fora os assuntos que estão incomodando, irritando ou atrapalhando sua vida, automaticamente ela já se sente mais aliviada, mais compreendida e mais feliz, mesmo que a outra pessoa nem dê ouvidos a ela”, explica Filipo, que completa: “os homens são cheios de quererem dar opinião nas falas das mulheres, mas já posso adiantar que na maioria das vezes, o melhor que se tem a fazer é só escutar mesmo”, brinca o especialista.
- A alimentação é fundamental. A pessoa precisa ter uma refeição equilibrada e se permitir um docinho de vez em quando. “Os doces também trazem a sensação de felicidade por fazerem com que o nosso organismo libere serotonina. Nada de dietas muito rígidas, pois isso só agrava o mau humor. Além disso, é necessário saber diferenciar o que é fome e o que é vontade de comer”, conta Filipo.

Quer algumas dicas de alimentos? Então lá vai:
- Fibras (pois aumentam a sensação de saciedade)
- Frutas, pois contém açúcar e são ótimas para substituir os doces mais calóricos
- Proteínas
- Verduras

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